sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Os Bamum

Este povo teve a particularidade de desenvolver uma arte e uma cultura extremamente originais. Com uma população que ronda as 150 mil pessoas, os Bamum vieram do Norte, conduzidos por Ncharé, e estabeleceram-se em Pambain, junto do rio Nchi, na zona centro-ocidental dos Camarões. Mais tarde, mudaram o nome desta localidade para Founban (fon = aldeia abandonada; nbain = acampamento).

 

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No século XVIII, o rei Mbombovo organizou o território, no qual incorporou os povos que já habitavam naquela zona. Deste modo conseguiu promover a coesão social e uma identidade «nacional».

 

Rei Njoya

Rei Njoya em sua corte

O soberano mais importante foi Njoya, que, deposto na sequência de um golpe, voltou a ser reconduzido com a ajuda dos muçulmanos peúl de Banio. Em reconhecimento, o rei converteu-se ao islão. Morreu em Yaoundé, capital dos Camarões, em 1931. Encontrava-se ali exilado, depois de os Franceses o terem acusado de falta de lealdade para com os colonizadores.

O território de Founban foi governado por sultões durante um breve período de tempo. Mas isso não impediu que aquela zona se constituísse como um foco significativo de cultura.

Quando os Alemães chegaram à capital dos Camarões, em 1902, e ali ensinaram o Cristianismo, o rei Njoya abandonou o islão, destruiu a mesquita e converteu-se à fé cristã. Porém, quando aqueles abandonaram o país, o monarca aderiu de novo ao Islamismo, conservando, contudo, numerosas crenças da religião tradicional.

Rei Njoya com uniforme

O rei Njoya com uniforme

O rei Njoya elaborou oito alfabetos e impôs uma escrita com 83 letras e dez números, que era obrigatória nas escolas e nos serviços oficiais do reino: arquivos, correspondência, contabilidade, entre outros.

O rei empregou-a também na elaboração de vários dos seus livros, como, por exemplo, História das Leis e dos Costumes dos Bamum, no qual recolheu todas os episódios da história do seu povo. A sua experiência religiosa encontra-se narrada na obra Segue, Chega. Neste livro, Njoya misturou elementos da Bíblia, do Alcorão e das crenças tradicionais.

A sociedade bamum é muito hierarquizada e, em certos momentos e circunstâncias, possui traços de uma sociedade feudal.

Os Bamum vivem em casas de tipo rectangular, com muros de argamassa cozida ao sol e teto com cumeeira. A cobertura de canas foi substituída progressivamente por outro tipo de materiais mais resistentes, como o latão ou o zinco.

O povo subsiste da agricultura. Para isso aproveita a fertilidade dos solos vulcânicos.

O islão é a religião mais difundida. Todavia, entre as camadas populares continuam a ser praticados os cultos da religião tradicional, de que sobressai o culto aos antepassados.

Apesar de o islão proibir certo tipo de representações artísticas, o rei rodeou-se dos melhores artesãos do seu povo e das regiões vizinhas. Estes confeccionaram os objectos necessários para as celebrações tradicionais e, ainda, outros destinados aos cortesãos. Njoya recolheu-os e guardou-os no seu magnífico palácio, que havia desenhado e mandado construir em 1917.

As esculturas de madeira representam grandes máscaras com faces salientes, de aspecto risonho e bonacheirão. Elas mostram o sentido alegre da vida.

As colunas, as ombreiras das portas e as vigas dos tectos enchem-se também de baixos-relevos de diferentes formas. São uma excelente mostra da extraordinária arte bamum.

Por: JOSÉ LUÍS CORTÉS/LEO SALVADOR/ARTURO ARNAU

Fotos Internet

Texto http://www.alem-mar.org/cgi-bin/quickregister/scripts/redirect.cgi?redirect=EEZZAkuEZyElZRoDiL

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