quinta-feira, 25 de julho de 2013

Autor do atentado contra angolanos está foragido

O autor do atentado contra os angolanos no Brás está foragido desde 22 de julho de 2012.
Ajude a encontrá-lo: Procurados da Justiça

Rua Brigadeiro Tobias, 527 - Bairro Luz
CEP 01032-902 - São Paulo/SP - Brasil
Fone: (11) 197
e-mail: procurados@policiacivil.sp.gov.br

Dia internacional da Mulher Negra Americana e Caribenha.

Justiça! QUANDO? JÁ!

 

Zulmira 25 de julho

Cartaz da Página Revolucionários Eternamente - Escritor Geraldo Dantas Poderoso

Vídeo da Televisão Nacional de Angola

A comoção de uma morte por racismo.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Homicídios vítimas homens negros entre 15 e 29 anos

Mais de um terço das vítimas são homens negros entre 15 e 29 anos

Dados são de 2011 e constam no SIM do Ministério da Saúde

Vítimas são negros do sexo masculino, com idade entre 15 e 29 anos

Homem, negro, com idade entre 15 e 29 anos. Esta é a descrição da principal vítima de homicídios no país, segundo dados obtidos no SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade), do Ministério da Saúde. Dos 52.198 homicídios ocorridos no Brasil em 2011, 18.387 tiveram como vítimas homens negros entre 15 e 29 anos, ou seja, 35,2% do total.
De acordo com a cientista social Áurea Carolina de Freitas, que integra o Fórum das Juventudes da Grande Belo Horizonte, o fenômeno é consequência de fatores como uma polícia que não respeita os direitos humanos e uma cultura social que não valoriza a vida do jovem negro que mora na periferia das cidades.
— Seria preciso uma mudança radical no Sistema Judiciário, nessa lógica de encarceramento em massa, de ver a juventude negra sempre como um suspeito, que mesmo calado está errado, da prática de primeiro atirar para depois perguntar o que a pessoa está fazendo. Recebemos muita denúncia de pessoas que primeiro apanham, e só depois a polícia pergunta o que está fazendo naquela hora, naquele lugar.
Segundo Felipe Freitas, da Seppi (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) da Presidência da República, a persistência da violência contra a juventude negra resulta tanto do processo histórico no País, em que a população negra foi sendo empurrada para as áreas mais pobres e vulneráveis das cidades, como do racismo que ainda persiste na sociedade.

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— Essas populações foram empurradas para as áreas mais vulneráveis das cidades, reduzindo suas oportunidades de inclusão e participação na vida social do país. Isto já é um racismo. Mas além disto, temos a persistência desse fenômeno, gerando novas desigualdades. O jovem não consegue entrar no espaço público e ser tratado como igual. Ele é mais facilmente capturado pelo sistema prisional. A culpa desse sujeito é mais rapidamente presumida sem o devido processo legal.
De acordo com a Seppir, há evidências de que a sociedade brasileira tolera mais a morte de negros do que de brancos. Uma pesquisa feita pela secretaria em parceria com o DataSenado, em 2012, mostrou que, para 55,8% da população, a morte violenta de um jovem negro choca menos a sociedade do que a morte violenta de um jovem branco.
Quando ao racismo institucional, existem casos em que os policiais recebem instruções claras de que negros são suspeitos, como ocorreu com uma ordem de serviço da 2ª Companhia de Polícia Militar de Campinas (SP), que orientavam policiais a abordar “especialmente indivíduos de cor parda e negra, com idade entre 18 e 25 anos em grupos de três a cinco indivíduos”.
Quando a notícia circulou pela imprensa, no início deste ano, a Polícia Militar de São Paulo se defendeu dizendo que o objetivo da ordem era atender a um pedido da população local, que reclamava de um grupo de criminosos que atuava na região e tinha, como característica, ser composto por pretos e pardos com idades entre 18 e 25 anos.
Felipe Freitas coordena um plano do governo federal chamado Juventude Viva, lançado no ano passado, com o objetivo de diminuir os assassinatos de jovens negros em 132 municípios prioritários nas 27 unidades da Federação, que, juntos, concentravam 70% dos homicídios contra jovens negros em 2010.
O plano pretende articular diversas ações do governo federal, em articulação com estados municípios e sociedade civil, buscando transformar os territórios onde vivem essas pessoas e dar mais oportunidades de inclusão social à juventude negra.
Entre as medidas do plano, estão sensibilizar a opinião pública sobre a violência contra os negros, implantação de equipamentos de cultura e lazer nas comunidades pobres, redução da letalidade policial e combate ao racismo institucional nos órgãos governamentais.
Por enquanto, o plano só foi lançado em quatro municípios de Alagoas, mas Freitas acredita que o Juventude Viva chegará, até o final deste ano, a 61 municípios de seis estados (Paraíba, São Paulo, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Pará e Rio Grande do Sul), além do Distrito Federal.
Ele alerta, no entanto, que os efeitos do plano podem demorar a aparecer nas estatísticas de homicídios.
— O funcionamento de um equipamento nas comunidades, como uma praça de esporte, cultura e lazer, por exemplo, tem uma dimensão imediata. A redução da vulnerabilidade já começa a ser sentida. Agora, a redução dos homicídios efetivamente demora mais. Os números de letalidade se revertem com muita lentidão. Não são um movimento rápido.
Outra ação da Seppir para reduzir a violência policial contra a população negra é a defesa da aprovação do Projeto de Lei 4.471, que tramita na Câmara dos Deputados. Ele prevê a adoção de mais transparência na investigação dos chamados autos de resistência, ou seja, as mortes em confrontos com a polícia.

DA AGÊNCIA BRASIL

20 anos da Chacina da Candelária

Após 20 anos da Chacina da Candelária, forma de violência policial mudou, dizem organizações.

Dia 23 de julho 20 anos da Chacina.

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Rio de Janeiro – Nos últimos anos, a forma de violência praticada por policiais mudou. Quem afirma é o assessor de Direitos Humanos da Anistia Internacional, Maurício Santoro. De acordo com ele, apesar de terem ocorrido outras chacinas após a da Candelária, que completa 20 anos na próxima semana, a polícia promoveu “alguns esforços” para tentar modificar a atuação da corporação, como a criação das unidades de Polícia Pacificadora.

“Esse tipo de grande chacina já tem alguns anos que a gente não vê mais. Mas a gente continua tendo, por exemplo, operações policiais muito questionáveis, que matam uma quantidade muito grande de pessoas. Na mais recente delas, no mês passado, no complexo de favelas da Maré, foram dez mortos. Não é a mesma coisa que uma chacina, que é uma execução sumária, um tipo muito mais grave de violência, mas mostra nossa dificuldade em realmente superar a violência como um todo”.

Só este ano, foram registrados até maio, na cidade do Rio de Janeiro, 101 homicídios decorrentes de intervenção policial, segundo dados do Instituto de Segurança Pública do estado. Santoro lembra que a Chacina da Candelária teve grande repercussão internacional, mas é um tipo de crime muito comum, principalmente contra jovens negros e pobres.

“Há uma forte impunidade que ronda esse tipo de crime. E a Candelária nem é o pior exemplo nesse aspecto porque ali, bem ou mal, alguns dos responsáveis foram presos e ficaram alguns anos na cadeia, embora não muitos, porque a Lei de Crimes Hediondos no Brasil é posterior à Chacina da Candelária, então eles não puderam ser julgados por ela. Se tivesse acontecido hoje eles teriam pego penas maiores”.

Depois da Candelária, que teve oito mortos, houve chacinas em Vigário Geral (1993 – 21 mortos), morro do Borel (2003 – quatro mortos), Via Show (2003 – quatro mortos) e Baixada Fluminense (2005 – 29 mortos). De acordo com a Anistia Internacional, todos os crimes foram cometidos por policiais e as vítimas eram adolescentes negros e pobres.

O coordenador de projeto de meninos e meninas de rua da Associação Beneficente São Martinho, Jairo Ferreira, concorda que a violência policial mudou nos últimos anos. “Em relação aos meninos de rua diminuiu bastante, mas a gente sabe que ainda acontece: o policial vai na comunidade, mata crianças e adolescentes e diz que foi o bandido.

A São Martinho prestou assistência psicológica e jurídica aos sobreviventes da Chacina da Candelária na época e organiza as homenagens para lembrar os 20 anos da tragédia. Na manhã de hoje (19) houve uma missa na Igreja, seguida de passeata até a Cinelândia e ontem (19) a tragédia foi lembrada em uma vigília que reuniu familiares das vítimas.

O episódio entrou para a história do país como um dos crimes mais bárbaros contra crianças e adolescentes e ocorreu no dia 23 de julho de 1993. Naquela madrugada, pelo menos 50 meninos e meninas dormiam na escadaria da igreja, no centro da cidade, quando carros pararam em frente ao local e abriram fogo contra o grupo.

O sobrevivente Wagner dos Santos, principal testemunha do caso, sofreu tentativa de assassinato em 1994 e hoje vive na Suíça. Três sobreviventes morreram nos anos seguintes em confrontos com a polícia.

Para o assessor da Anistia Internacional, o caso reflete um problema muito maior da sociedade brasileira. “Há um ponto muito forte que é a incapacidade do estado, a negligência do poder público na proteção desses jovens. O próprio caso da Candelária, para além da chacina, além da violência física daquela noite: que tipo de sociedade é essa em que você tem 50, 70 crianças dormindo na rua, na escadaria de uma igreja? Quer dizer, já tinha alguma coisa muito errada ali, mesmo antes do primeiro disparo ser efetuado”.

19/07/2013 – 14h15

Edição: Denise Griesinger

Akemi Nitahara
Repórter da Agência Brasil

Agência Brasil

20 anos da Chacina da Candelária

Após 20 anos da Chacina da Candelária, forma de violência policial mudou, dizem organizações.

Dia 23 de julho 20 anos da Chacina.

candelaria-durante-protesto-

Rio de Janeiro – Nos últimos anos, a forma de violência praticada por policiais mudou. Quem afirma é o assessor de Direitos Humanos da Anistia Internacional, Maurício Santoro. De acordo com ele, apesar de terem ocorrido outras chacinas após a da Candelária, que completa 20 anos na próxima semana, a polícia promoveu “alguns esforços” para tentar modificar a atuação da corporação, como a criação das unidades de Polícia Pacificadora.

“Esse tipo de grande chacina já tem alguns anos que a gente não vê mais. Mas a gente continua tendo, por exemplo, operações policiais muito questionáveis, que matam uma quantidade muito grande de pessoas. Na mais recente delas, no mês passado, no complexo de favelas da Maré, foram dez mortos. Não é a mesma coisa que uma chacina, que é uma execução sumária, um tipo muito mais grave de violência, mas mostra nossa dificuldade em realmente superar a violência como um todo”.

Só este ano, foram registrados até maio, na cidade do Rio de Janeiro, 101 homicídios decorrentes de intervenção policial, segundo dados do Instituto de Segurança Pública do estado. Santoro lembra que a Chacina da Candelária teve grande repercussão internacional, mas é um tipo de crime muito comum, principalmente contra jovens negros e pobres.

“Há uma forte impunidade que ronda esse tipo de crime. E a Candelária nem é o pior exemplo nesse aspecto porque ali, bem ou mal, alguns dos responsáveis foram presos e ficaram alguns anos na cadeia, embora não muitos, porque a Lei de Crimes Hediondos no Brasil é posterior à Chacina da Candelária, então eles não puderam ser julgados por ela. Se tivesse acontecido hoje eles teriam pego penas maiores”.

Depois da Candelária, que teve oito mortos, houve chacinas em Vigário Geral (1993 – 21 mortos), morro do Borel (2003 – quatro mortos), Via Show (2003 – quatro mortos) e Baixada Fluminense (2005 – 29 mortos). De acordo com a Anistia Internacional, todos os crimes foram cometidos por policiais e as vítimas eram adolescentes negros e pobres.

O coordenador de projeto de meninos e meninas de rua da Associação Beneficente São Martinho, Jairo Ferreira, concorda que a violência policial mudou nos últimos anos. “Em relação aos meninos de rua diminuiu bastante, mas a gente sabe que ainda acontece: o policial vai na comunidade, mata crianças e adolescentes e diz que foi o bandido.

A São Martinho prestou assistência psicológica e jurídica aos sobreviventes da Chacina da Candelária na época e organiza as homenagens para lembrar os 20 anos da tragédia. Na manhã de hoje (19) houve uma missa na Igreja, seguida de passeata até a Cinelândia e ontem (19) a tragédia foi lembrada em uma vigília que reuniu familiares das vítimas.

O episódio entrou para a história do país como um dos crimes mais bárbaros contra crianças e adolescentes e ocorreu no dia 23 de julho de 1993. Naquela madrugada, pelo menos 50 meninos e meninas dormiam na escadaria da igreja, no centro da cidade, quando carros pararam em frente ao local e abriram fogo contra o grupo.

O sobrevivente Wagner dos Santos, principal testemunha do caso, sofreu tentativa de assassinato em 1994 e hoje vive na Suíça. Três sobreviventes morreram nos anos seguintes em confrontos com a polícia.

Para o assessor da Anistia Internacional, o caso reflete um problema muito maior da sociedade brasileira. “Há um ponto muito forte que é a incapacidade do estado, a negligência do poder público na proteção desses jovens. O próprio caso da Candelária, para além da chacina, além da violência física daquela noite: que tipo de sociedade é essa em que você tem 50, 70 crianças dormindo na rua, na escadaria de uma igreja? Quer dizer, já tinha alguma coisa muito errada ali, mesmo antes do primeiro disparo ser efetuado”.

19/07/2013 – 14h15

Edição: Denise Griesinger

Akemi Nitahara
Repórter da Agência Brasil

Agência Brasil

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Presas africanas abandonadas pelos países de origem

Brasil: Reclusas africanas abandonadas pelos países de origem

Muitas estrangeiras, algumas das quais provenientes de Moçambique e de Cabo Verde, estão abandonadas nas prisões brasileiras sem assistência dos países de origem.

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Maria Cláudia Santos

Atualizado em: 05.09.2012 15:42

No Brasil, várias estrangeiras, algumas das quais provenientes de Moçambique e de Cabo Verde estão abandonadas nas prisões brasileiras sem assistência dos países de origem.
A comissão de direitos humanos da assembleia legislativa do estado de Minas Gerais vai pressionar os consulados dos países de origem de estrangeiras, a maioria da África, presas no Brasil por tráfico internacional de drogas.

De acordo com parlamentares da comissão, as presidiárias não estão sendo assistidas pelas representações diplomáticas dos seus países, ficando assim prejudicadas e gerando custos para os governos de estados brasileiros, como o de Minas Gerais.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos de Minas Gerais, Paulo Lamac, relatou que a situação de abandono das presas começou a ser constatada a partir da apuração da denúncia de uma presidiária africana.

"Nós recebemos uma série de solicitações de visitas da comissão de direitos humanos e uma delas foi encaminhada por uma presa natural de Moçambique dizendo das suas dificuldades. Ela está presa há mais de dois anos em Belo Horizonte , na Penitenciária Estevão Pinto, na prisão provisória ainda sem condenação."
"Ela poderia estar respondendo em liberdade provisória, se tivesse assistência. Seria uma liberdade com co-responsabilidade do seu próprio consulado, que é como deveria ser," explica.
De acordo com o deputado mineiro, a partir desse caso, a comissão decidiu investigar a existência de outros similares. Apenas na Penitenciária Estevão Pinto, em Minas Gerais, eles localizaram quatro detidas estrangeiras, duas de Moçambique, uma de Cabo Verde e uma do Paraguai.
"Na nossa visita o relato delas é claro no sentido de estarem prejudicadas, não pelo sistema judiciário ou penitenciário brasileiro. Pelo contrário, elas até dizem que a esperança delas é a justiça brasileira, porque se sentem abandonadas pelo país de origem," afirma. "Elas têm dificuldades de várias ordens, especialmente, nos acompanhamentos que dependem de documentos e informações que venham dos seus países de origem."
Depois de apurações detalhadas dos casos das presas, o deputado explica que os consulados serão chamados à responsabilidade, para impedir que o Brasil continue arcando com as consequências da falta de assistência dada às estrangeiras.   Segundo ele, o estado paga cerca de R$ 2.500 por mês por recluso, que poderia estar em outras condições, inclusive, no país de origem.
"A comissão está, inicialmente, solicitando mais detalhes à Defensoria Pública da União. De posse dos detalhes de cada um dos casos, vamos solicitar aos consulados respectivos que tomem as providências cabíveis."
Enquanto a situação não é resolvida, as estrangeiras contam, na rotina, com a ajuda de parentes de brasileiras presas, com quem se relacionam bem. "Elas buscam fazer amizades com as brasileiras, até porque acabam dependendo das famílias das colegas de presídio para conseguir, por exemplo, algum produto de higiene pessoal."

Fonte: VOA Voz da América

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Mandela nota a amargura do negro – Brasil 1991

Recortes de Jornais são pequenas cápsulas do tempo. Bom de avaliar o impacto no momento, e sentir o desenrolar dos acontecimentos até os dias de hoje.

A vinda de Mandela foi um impacto no Brasil. Mandela e o CNA vinham buscar apoio á sua candidatura e a garantia de que se fosse eleito assumiria com apoio internacional. O Congresso Nacional Africano e Mandela pouco sabiam da situação no Brasil. Internacionalmente o Brasil vivia sua democracia racial.

Mandela se chocou com a falta de negros em cargos políticos, e empresariais. Era a democracia racial brasileira. Mandela mudou seu discurso...

 

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Jornal do Brasil 6 de agosto de 1991

Transcrição de parte do recorte:

“Mandela notou forte sentimento de amargura entre os negros brasileiros.

“Embora reconhecendo que as leis brasileiras contra a discriminação racial são satisfatórias. O presidente do Congresso Nacional Africano Nelson Mandela, disse ontem ter notado forte sentimento de amargura entre os negros que encontrou no Brasil. O comentário de Mandela foi feito com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Sidney Sanches, que não escondeu do líder negro a prática do racismo na sociedade.”

Mandela em São Paulo 1991

Mandela chega a São Paulo com 6 horas de atraso.

Jornal Mandela em São Paulo

Abrindo o bau de recortes

No dia 3 de agosto de 1991 Mandela e Winnie chegavam à São Paulo. Vinha como representante de seu partido CNA, procurando apoio para sua eleição à presidência da África do Sul ainda sob o regime do Apartheid.

Foram recebidos pelo então governador de São Paulo Antônio Fleury Filho e seu vice Aloysio Nunes Ferreira (ambos então do PMDB) e também a prefeita Luiza Erundina (então no PT). Presente o representante do Presidente Collor o Ministro Antônio Rogério Magri.

Houve um almoço no Palácio dos Bandeirantes que em função do atraso foi servido às 17 horas. A noite foi ao Ibirapuera (na época sede da Prefeitura) encontrar-se com a Prefeita Luiza Erundina. Depois um Show no Estádio do Pacaembu com Alcione, Martinho da Vila e Sandra de Sá.

Houve conversas de Mandela com sindicalistas e ativistas do Movimento Negro

Mandela completa 95 anos e 41 dias no hospital

Jornaleiro no Soweto Mandela

Alexander Joe / AFP - Getty Images

Um vendedor de jornal mostra a primeira página do Daily Sun local no Soweto, desejando que ao ex-Presidente Sul-Africano Nelson Mandela um feliz 95 º aniversário, comemorado nesse 18 de julho de 2013.

Nelson Mandela faz 95 anos, e completa 15 anos de casamento com sua esposa Graça Machel nessa quinta-feira, mas como comentou a correspondente da CBS News Debora Patta, em comparação com outro aniversário, este ano é um talvez um pouco mais triste.

Hoje também são 41 dias de permanência do ícone Sul-Africano doente em um hospital de Pretória. Um dia em que os sul-africanos estavam ávidos por boas notícias. Relatórios sobre o atual estado de saúde de Mandela variam, mas o governo Sul-Africano disse que os médicos confirmaram suas melhoras.

A filha Zindzi Mandela disse em uma entrevista à televisão no dia do aniversário de seu pai que ele estava fazendo "progresso notável", e que a família estava ansiosa por "tê-lo de volta para casa em breve.”.

Patta ressalta, no entanto, que todas as contas de vir contra o pano de fundo de um fato inalterado: Mandela ainda está em estado grave - embora estável - em sua cama de hospital.

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Christopher Furlong / Getty Images

Escolas de todo o país homenagearam, o líder anti-apartheid em reuniões pela manhã, e numerosos grupos de pessoas pediram a voluntários 67 minutos para a caridade para corresponder ao que eles dizem que são os 67 anos que Mandela serviu sua comunidade.

A ONU declarou o dia 18 de julho de 2013 (quinta-feira) o Dia Internacional Nelson Mandela como uma forma de reconhecer a contribuição da Paz vencedor do Prêmio Nobel. Mandela, também conhecido por seu nome de clã Madiba, foi preso por 27 anos sob o domínio da minoria branca e liderou uma difícil transição do apartheid para a democracia, tornando-se presidente nas eleições de mais concorrida de todas em 1994.

"Madiba permanece no hospital, em Pretória, mas os médicos confirmaram que a saúde dele está melhorando", disse um comunicado divulgado pelo gabinete do presidente Jacob Zuma.

"Estamos orgulhosos de termos este ícone internacional sul-africano e desejar-lhe boa saúde", disse Zuma em comunicado. Ele agradeceu aos sul-africanos para apoiar Mandela durante sua hospitalização com "amor eterno e compaixão", e respondendo a um chamado para dar a essa figura amada "a maior festa de aniversário”.

Mandela foi levado para um hospital em 8 de junho para o tratamento de uma infecção pulmonar recorrente. Em anúncios anteriores, o governo disse que ele estava em estado crítico, mas estável. Documentos judiciais apresentados pela família de Mandela no início deste mês tinha dito Mandela estava no suporte de vida e perto da morte, como fontes de notícias CBS disseram privadamente por semanas.

Fontes: AFP / Media & Life

Dia Internacional de Mandela COMEMORE!

"Mandela Day" celebra legado político e 95 anos de líder sul-africano

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Cartaz oficial da 4ª edição do evento internacional "Mandela Day" celebrado essa quinta-feira.  mandeladay.com

Há quatro anos, as Nações Unidas, transformaram o aniversário do herói nacional sul-africano no Mandela Day. A data comemorada no 18 de julho em diversos países pretende estimular ações solidárias e homenagear o legado do defensor dos direitos humanos, que é o símbolo da luta contra o Apartheid e o Racismo. A ideia é doar simbolicamente 67 minutos de seu tempo para realizar algo em prol do outro, em referência aos 67 anos que o prêmio Nobel da Paz, advogado e líder negro dedicou à luta pela igualdade.

Nelson Mandela esteve preso por 27 anos, quatro anos depois de ser libertado se tornou o presidente da África do Sul nos anos 90, esta quinta-feira ele completa 95 anos e segue internado em estado crítico para se recuperar de uma infecção pulmonar.

Luiza Duarte

Fonte: RIF

terça-feira, 16 de julho de 2013

Stevie Wonder prega boicote à Flórida contra o veredito de absolvição

Stevie Wonder prega boicote à Flórida contra o veredito de absolvição do segurança que matou o jovem negro.

The 2013 BET Awards held at Nokia Theatre - Inside<br /><br />Featuring: Stevie Wonder<br />Where: Los Angeles, California, United States<br />When: 30 Jun 2013<br />Credit: FayesVision/WENN.com

Durante uma apresentação na cidade de Quebec, no Canadá, no domingo, o cantor vencedor do Grammy falou sobre a recente absolvição de George Zimmerman e anunciou que iria boicotar o estado.

Stevie Wonder reagiu ao julgamento de George Zimmerman, considerado inocente do assassinato de Trayvon Martin, de 17 anos, afirmando que não se apresentará no estado da Flórida enquanto a lei "Stand your ground" não for revogada. Essa lei permite o uso de força em auto-defesa, sem a obrigação de se tentar uma retirada antes.
"Eu decidi hoje que enquanto a lei 'Stand your ground" não for abolida na Flórida, eu não vou mais me apresentar lá", disse o cantor, durante um show na Cidade de Quebec, no último domingo. "Na verdade, não vou me apresentar me nenhum lugar do mundo que tenha uma lei semelhante."

Martin foi baleado numa noite de 2012 quando ia para a casa da namorada do pai. Ele estava desarmado e foi morto por Zimmerman, um voluntário no policiamento comunitário, que portava uma pistola e alegou ter suspeitado do rapaz, que usava um casaco com capuz. O adolescente o confrontou ao perceber que estava sendo seguido, e na briga que se seguiu, foi morto. Zimmerman - filho de um americano e uma peruana - foi preso 44 dias após o assassinato e alegou legítima defesa. A corte não permitiu que o tema fosse tratado como caso de racismo, o que estimulou a ira de ativistas negros.
Após o anúncio da absolvição de Zimmerman, milhares de manifestantes de todo o país protestaram contra a decisão do júri que considerou legítima defesa a ação do ex-vigia, que abriu fogo contra o adolescente negro desarmado.

No início de sua sobre o anúncio de três minutos, capturado por um fã no concerto no YouTube, Wonder pediu a seus fãs para se juntar a ele no boicote.

 

No show em Quebec, Stevie Wonder pediu que o público se junte a ele no boicote.
"A verdade é que, para aqueles que perderam a batalha pela justiça, em qualquer lugar do mundo, nós não podemos trazê-los de volta. Mas podemos fazer nossas vozes serem ouvidas. E podemos votar em nossos países mundo afora por mudança e igualdade para todos. Isso é o que podemos fazer."
Wonder não está sozinho em seu protesto. Outros artistas americanos como Nick Minaj, Beyonce, FloRida e Wyclef Jean prestaram homenagem a Martin e criticaram o veredito.

Wonder não é a primeira celebridade a falar da absolvição do pós-veredicto, outros têm artistas tem se preocupado com a absolvição nas redes sociais,mas parece ser o primeiro artista a participar ativamente.

Randee Dawn

Fonte:  NBC News

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Marcha das Vadias Curitiba

Marcha das Vadias leva 1,5 mil pessoas às ruas em Curitiba

13 de Julho de 2013

Curitiba

Objetivo da manifestação é chamar a atenção da sociedade para as causas do movimento feminista

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Manifestantes participaram da Marcha das Vadias na manhã deste sábado em Curitiba (PR)

Foto: Vagner Rosario / Futura Press

A Marcha das Vadias ocorreu na tarde deste sábado no centro de Curitiba deste sábado, na praça 19 de Dezembro. O evento começou às 11h. De acordo com organizadores, o objetivo da manifestação é chamar a atenção da sociedade para as causas do movimento feminista, como a igualdade de gêneros e fim da violência sexual contra mulheres.

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Manifestação começou 11h da manhã deste sábado

Foto: Vagner Rosário / Futura Press

De acordo com informações da policia militar, cerca de 1,5 mil pessoas participam da marcha pacífica que segue em direção à Boca Maldita, também no centro da Capital paranaense.

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Segundo o site do movimento, a marcha busca refletir sobre a “culpabilização” da mulher em casos de agressão sexual.  “Curitiba está entre as cidades mais desiguais da América Latina e entre as capitais brasileiras que mais mata pessoas que não se enquadram no padrão normativo da sociedade”.Cerca de 3,4 mil pessoas haviam confirmado presença no evento pelo Facebook.

Fonte Terra

fotos internet

sábado, 13 de julho de 2013

A primeira reitora negra do Brasil

 

Ela é negra do Brasil

Nilma Lino Gomes assume a Unilab como a primeira reitora negra do País. Entre tantos desafios, está ampliar as relações internacionais com os países de língua de expressão portuguesa

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FOTO SARA MAIA

A professora mineira Nilma Lino Gomes tomou um susto quando foi convidada para ser reitora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) no início deste ano. A proposta veio do colega Paulo Speller, reitor-fundador da primeira universidade internacionalizada do Brasil, fincada no Maciço de Baturité, em Redenção, a 40 quilômetros de Fortaleza. Passada a surpresa, veio a percepção do contexto. Seria a primeira mulher negra no comando de uma universidade brasileira.

“Senti-me honrada e, depois do choque, compreendi que o convite tinha a ver com minha trajetória”, afirmou a reitora Nilma Lino ao O POVO em meados de abril, 20 dias após desembarcar em Redenção. Com um sorriso largo e palavras sob medida, à moda de Minas, a doutora em Antropologia pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-doutora em Sociologia pela Universidade de Coimbra aborda as questões em torno do racismo no Brasil, tema que elegeu tanto na academia como pesquisadora, quanto como cidadã. “Pedagogicamente, atuo assim; politicamente, atuo assim. Quando o convite chegou, entendi que tinha a ver com meu perfil. Sou uma mulher negra que atua nas questões raciais”, analisa a reitora sobre o porquê de ter decidido deixar Minas Gerais para morar numa cidade que só conhecia de ouvir falar, e ser reitora de uma universidade que havia de concluir a implantação.

Ao longo de quase duas horas, Nilma Lino conversa sobre o trabalho intenso de conhecer o lugar, a universidade e as pessoas, fala sobre as políticas afirmativas em curso no Brasil e diz que o resultado dessa política pelo menos jogou por terra o discurso mítico em torno da democracia racial no País. A seguir, os principais pontos da entrevista. (colaborou Aflaudisio Dantas)

O POVO - A senhora já conhecia Redenção antes de vir como reitora para a Unilab?

Nilma Lino - Não. Eu sabia da universidade e sabia de Redenção pelo meu colega que foi o primeiro reitor Paulo Speller. Fomos colegas no Conselho Nacional de Educação. Quando cheguei ao Conselho, Paulo estava terminando a gestão dele na Câmara de Educação Superior e sempre falava da universidade e de Redenção. Mas não tinha vindo aqui.

OP - Para a senhora, qual o maior desafio para o processo de consolidação da Unilab?

Nilma - Não sei se teria o maior. Acho que o primeiro desafio é dar continuidade ao trabalho de instalação, de início da universidade, tão nova. Acho que meu grande desafio é dar continuidade e consolidar esse trabalho já iniciado pela gestão do professor Paulo Speller. Outro desafio é nesse processo é ir ampliando e aprofundando cada vez mais esse caráter internacional dessa universidade com os países de língua de expressão portuguesa, em especial os africanos, e com possibilidade de expansão. Nas mais diversas áreas da universidade: pesquisa, ensino, extensão e na própria relação dos professores com a pesquisa. Essa universidade nasce diferente de outras, já nasce com esse caráter de uma determinada forma de internacionalização, que está dentro dessa ideia da Cooperação Sul-Sul, a Cooperação Solidária Sul-Sul e isso é muito novo no Brasil.

OP - Qual o estágio de implantação dos campi da Unilab fora de Redenção?

Nilma - Em São Francisco do Conde, temos um prédio que foi cedido pela Prefeitura do município, já quase que em condições de começar a funcionar. Já temos lá funcionando a Educação a Distância na forma de especialização. Nosso grande desafio agora é implementar cursos presenciais, construir o corpo administrativo e o corpo docente dentro desse campus. Aqui, em Palmares (Acarape), está em processo de construção.

OP - Quando a senhora olha para sua universidade hoje, como analisa o trabalho em torno dessa integração de países, tão diversos, e cuja matriz está assentada na língua portuguesa?

Nilma - Eu me reporto ao dia da posse do vice-reitor, quando estive pela primeira vez em Redenção e na Unilab. Estávamos no anfiteatro, então olhei e vi o público da universidade. Ali estavam professores, pessoas da comunidade, estudantes, técnicos administrativos e a sensação é de encantamento de ver uma diversidade tão grande no mesmo espaço, imbuída de um projeto muito inovador. Quando penso essa diversidade – que é étnica, racial e cultural – estar presente na Unilab me encanta, me desafia. Acho que aqui, temos possibilidades de construirmos relações que podem ser profícuas entre os diferentes e as diferenças. Ao mesmo tempo, com pontos muito comuns. E compreender a complexidade que é a língua de expressão portuguesa, porque ela está localizada historicamente em contextos muito diferentes. E aí, temos algo que nos aproxima que é comum, mas ao mesmo tempo temos particularidades muito intensas.

OP - Como a senhora recebeu o convite para ser reitora da Unilab? O que a levou a aceitá-lo?

Nilma - Fiquei surpresa e honrada. Depois do choque, né? (risos). Compreendi também que isso tem a ver com minha trajetória. Sou professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Junto com uma equipe de colegas, construí um programa de ensino, pesquisa e extensão chamado Ações Afirmativas da UFMG. Conseguimos ampliar mais a pesquisa sobre temática racial e estávamos ampliando para as temáticas africanas. Sou uma militante em prol da superação do racismo. Pedagógica e politicamente, atuo assim. Sou uma mulher negra que atua nas questões raciais.

OP - O que a Unilab representa no contexto da questão racial e da afrodescendência no Brasil hoje?

Nilma - Sabemos que, muitas vezes, as práticas de racismo que acontecem na sociedade brasileira têm a ver com uma representação muito negativa do continente africano. E uma total ignorância sobre o continente africano. Da sua história, riqueza, luta dos seus povos, orientações políticas mais recentes, e escolhas dos seus governantes. Nós temos hoje um desconhecimento e precisamos conhecer mais, porque é uma forma de superar preconceitos. Eu ignoro sobre, aí preconcebo uma ideia e passo a generalizá-la para todo mundo. O papel da universidade nesse caso, a própria existência dela, a produção do conhecimento que pode ser desenvolvida aqui na universidade é um outro fator importante. Penso nas relações que ela vai construir com a comunidade local, com o próprio Brasil, com o Ceará.

OP - Já é possível mensurar os efeitos das políticas afirmativas sobre as populações negras no Brasil?

Nilma - Elas são muito recentes. Não sei se dá para mensurar, mas acho que dá para fazer algumas reflexões sobre esse processo. Você tem hoje uma discussão muito intensa. Estamos completando dez anos desde que a alteração da Lei de Diretrizes e Bases foi sancionada pela Lei 10.639 de 2003, que é o ensino de história e cultura africana, nas escolas de educação básica. É claro que é uma implementação irregular se formos pensar assim, porque o ideal seria que, depois de dez anos, pudéssemos falar assim: “A educação básica avançou de norte a sul nas escolas públicas e privadas em relação a essa temática”. Não podemos dizer que avançamos na totalidade. Por isso, digo que é uma implementação que ainda acontece de forma irregular em algumas redes de ensino e regiões do Brasil. Uma coisa é certa: desencadeou uma discussão, produção de pesquisa, de material didático e literário. Trouxe questionamentos para formação de professores. Na educação superior, temos uma lei de cotas que hoje vale para as instituições federais de ensino.

OP - A senhora considera que a negação das questões raciais pela sociedade brasileira impediu que as decisões afirmativas fossem tomadas há mais tempo?

Nilma - Tem sim um processo de negação do racismo na nossa sociedade. Vivemos o que toda literatura que trabalha com o tema aponta: um discurso de que todos nós somos muito democráticos. De que temos a democracia racial no Brasil. E essa representação mítica traz uma negação das reais condições da população negra na sociedade brasileira. Na discussão da temática racial, a sociedade brasileira sempre foi acompanhada de demandas históricas do movimento negro. Esse movimento reeduca a si mesmo e reeduca a sociedade no debate da questão étnico-racial. Acho que aí você vai tendo outros legados da luta antirracista. Você vai ver que existem outros movimentos sociais como o movimento de mulheres, movimentos LGBT, movimentos sociais do campo e que começam a introduzir a pauta da luta antirracista. Por isso, falo do papel de reeducar a si mesmo e a sociedade.

OP - Quando a senhora se descobriu negra?

Nilma - Acho que eu sempre soube (risos). Por que sou de uma família do interior de Minas Gerais. Uma família negra que sempre se viu negra. Fui educada para ter orgulho de quem eu sou. Meu pai era um líder comunitário. Já falecido. Tenho muita lembrança do meu pai lutando por melhoria do bairro, por água, ônibus. Um homem negro muito digno. Meu pai tinha uma indignação com qualquer forma de injustiça. Minha mãe, viva até hoje, foi bordadeira, uma mulher muito sábia. Eu venho de uma família em que nós sempre nos víamos negros, convivemos com parte da família que é negra. Sempre fui criada como mulher negra, uma menina negra. O que eu descobri fora desse aconchego familiar foi o racismo! Foi traumático, porque foi na escola, na primeira série. Até já escrevi sobre isso. Tenho um livro sobre a questão de corpo e cabelo como símbolos da identidade negra, que foi minha tese de doutorado. Foi justamente com o contato com a minha estética. Uma colega me xingou de “cabelo de bombril”. Foi o primeiro xingamento racista que ouvi. É racista, mesmo que seja na boca de uma criança, por que ela aprendeu isso em sociedade, a ver o outro dessa forma. Ela reproduziu isso. Lembro que foi o primeiro choque que tive, porque nunca tinha ouvido nenhuma referência negativa ao meu cabelo! Cheguei em casa e levei isso pra minha família, que reage, vai à escola. Comecei a perceber que meus outros colegas negros recebiam xingamentos, esses e outros. Fui compreendendo que a vida não é só a minha família (risos). Fui entendendo que eu tinha que aprender a me defender também. Isso é muito duro. Sobretudo na infância, porque é onde aprendizados começam a acontecer. Quando adultos, aprendemos a nos defender, uns mais, outros menos. Mas a criança está em processo de formação. Daí, penso sempre na importância da escola.

OP - Suas experiências de vida influenciaram de forma definitiva suas preocupações acadêmicas. Como isso se deu?

Nilma - Pela minha vivência mesmo. Minha família negra. Depois, por experiências que comecei a viver como professora da educação básica. Sempre fui professora. Só sei ser professora (risos). Logo que me formei, comecei a trabalhar. Fiz concurso para a rede pública. Desde então, sou professora da rede pública. Tive um pequeno período em que trabalhei no público e no privado. E comecei nesse momento a perceber diferenciações. Não só em relação a mim no tratamento. Era uma escola privada de médio porte. Tive que reeducar os alunos a ter uma professora negra atuando nessas turmas de ensino fundamental. E também atuava numa escola pública onde uma grande maioria dos meus alunos eram negros. Eu era diferente num espaço e era igual em outro. Isso tudo mexeu muito comigo. Conversando com um professor da pós-graduação, eu colocava essas questões para ele, colocava também para uma colega. E as pessoas falavam que esse era um tema que precisava de mais investigação. Era no final dos anos 80, começo dos anos 90, nós não tínhamos a produção que temos hoje sobre relações raciais na educação e em outras áreas. Então, me senti instigada. Era um momento que tínhamos poucos pesquisadores negros que falavam sobre as questões raciais. Como educadora e como mulher negra, falei: “Acho que tenho que uma responsabilidade acadêmica e política”. E comecei a pesquisar sobre professoras negras. Foi meu primeiro trabalho. Fiz um trabalho com a trajetória de mulheres negras professoras e a relação delas com o debate racial e com as crianças, como isso acontecia. Não parei mais.

OP - Como lidar com o racismo entre a população negra?

Nilma - Sempre que me perguntam isso, chamo atenção para uma questão: o racismo é um fenômeno que prejudica todos nós: negros, brancos, indígenas. E para compreender como uma pessoa que é negra pode desenvolver um preconceito contra si mesmo e contra o seu grupo, é o maior exemplo da perversidade do racismo. Como esse fenômeno consegue ser tão estrutural na nossa sociedade e, ao ser estrutural, ele se torna estruturante das nossas relações. E isso impregna na nossa própria subjetividade, que é possível que, quando se está num lugar com referências muito negativas em relação ao seu próprio grupo étnico-racial, é possível que essa pessoa também desenvolva esse mesmo sentido. Por isso que as políticas afirmativas e a afirmação das identidades são importantes. Porque você pode construir um outro ambiente social, outras representações positivas que vão disputar com as representações negativas que estão em curso. Subjetividades inconformistas e rebeldes são aquelas que se indignam com as injustiças, com preconceitos. Acho que vale para a população negra e para a população branca. Mais do que prestar atenção no fato de uma pessoa negra que discrimina uma outra pessoa negra, é entender qual o fenômeno perverso na nossa estrutura que educa as pessoas desse jeito. E mais: se elas são educadas assim, podem ser reeducadas de outra forma, e a ver seu próprio grupo étnico-racial de uma outra forma.

Fonte Jornal O Povo

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Campanha na África do Sul homenagem a Mandela

África do Sul lança campanha nacional em homenagem a Mandela

No próximo dia 18, data do aniversário do ex-presidente, os sul-africanos devem dedicar "67 minutos de seu tempo" a Nelson Mandela

mandela_bandeira Homenagem

Uma oração ao ex-presidente foi feita em reunião nesta terça-feira no Consgresso Nacional Africano (Foto: AP Photo/Schalk van Zuydam)

Hospitalizado há quase um mês e prestes a completar 95 anos, o ex-presidente da África da Sul e Prêmio Nobel da Paz de 1993,Nelson Mandela, receberá uma série de homenagens no país. O governo lançou uma campanha nacional para que os sul-africanos se inspirem em Mandela e atuem em favor de mudanças positivas. A ideia é que no próximo dia 18, data do aniversário do ex-presidente, os sul-africanos dediquem “67 minutos de seu tempo” a ele, como diz texto da agência pública sul-africana.

Em 2010, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) declarou 18 de julho como Dia Internacional de Nelson Mandela. A data é dedicada aos esforços feitos por ele em defesa dos direitos humanos e da resolução de conflitos e reconciliação. Mandela foi o principal responsável pelo fim do apartheid (regime de segregação racial) no país.

O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, disse que o lema das homenagens é “Aja e inspire a mudança. Faça a cada dia um Dia Mandela”. "Madiba [apelido de Mandela que significa O Conciliador] deixa uma marca indelével na nossa sociedade, tendo supervisionado a transição do apartheid para uma sociedade construída sobre os pilares da democracia e da liberdade”, disse Zuma.

O porta-voz do governo, Phumla Williams, ressaltou que Mandela defendeu, ao longo de sua vida, os compromissos com a Justiça, a igualdade e a África do Sul não racial. "Somos lembrados que temos a responsabilidade de promover a liberdade e defender a nossa democracia para honrar os compromissos dele com esses ideais", disse.

Mandela está internado em Pretória desde o último dia 8, em decorrência de uma infecção pulmonar. Nos últimos dias, o estado de saúde dele se manteve estável e crítico, sem alterações, segundo o governo sul-africano. 

Fonte: AGÊNCIA BRASIL

terça-feira, 2 de julho de 2013

Troca de experiências entre refugiados no Brasil

Encontro promove troca de experiências entre refugiados no Brasil

Encontro

22/06/2013 - 17h19

São Paulo – “Tive uma arma apontada para a minha cabeça, na minha casa. O soldado que decidiu não me matar disse: “Agora se manda, que alguém vai vir terminar o serviço”. Fui para o aeroporto e peguei o primeiro avião, que era para o Brasil”. O relato do artista plástico angolano Bantu Tabasisa narra uma situação ocorrida há 19 anos, quando ele precisou deixar seu país de origem em razão de conflitos políticos e buscar refúgio no Brasil. O Comitê Nacional para Refugiados estima que existam, atualmente, 4.336 refugiados no país, dos quais 1.845 estão em São Paulo.

Hoje (22/6), Dia Mundial do Refugiado, 150 pessoas acolhidas no Brasil participaram de uma atividade de trocas culturais no Serviço Social do Comércio. Apesar da dificuldade com o idioma, colombianos, malineses, congoleses, entre outras nacionalidades, apresentaram brincadeiras características de seus países. Uma jovem congolesa ensinou uma atividade similar ao cabo de guerra, mas que, no Congo, é feita com os próprios participantes.

O grupo que participou das atividades é atendido pela Cáritas Arquidiocesana de São Paulo, que mantém um centro para acolher refugiados no centro da capital paulista. “São populações que chegam muito fragilizadas do processo de transição, seja pelo conflito no país de origem ou pelo próprio percurso. Quando chegam aqui, a dificuldade inicial é a questão da língua”, explicou Maria Cristina Morelli, coordenadora do centro.

Além da assistência social prestada aos refugiados, o centro orienta e presta serviços na área jurídica e de saúde mental. “Muitas vezes, eles chegam e nem sabem que estão no Brasil. As dificuldades são muitas”, apontou. Morelli destaca que a ação inicial é orientá-los a regularizar a situação de refugiados, o que os possibilita obter os direitos da cidadania brasileira. “Quando iniciam o processo, eles adquirem um visto provisório que os permite trabalhar, por exemplo. Eles tiram Carteira de Trabalho e CPF [Cadastro de Pessoa Física]”, explicou.

Foi o que aconteceu com o colombiano Pedro, 40 anos, que pediu para ter o sobrenome omitido. Os conflitos armados no país dele o tornaram perseguido político. “Vim em busca de trabalho. Trouxe minha filha. Agora estamos bem. Pretendo voltar ao meu país, mas só para passear e visitar minha família. Minha mãe pergunta muito se não vou voltar”, declarou. Ele está no país há cinco anos e trabalha como auxiliar de limpeza.

A Agência das Nações Unidas para Refugiados estima que 45,2 milhões estejam deslocadas em todo o mundo, segundo dados de 2012. No último ano, o número aumentou em cerca de 2,3 milhões, na comparação com 2011. A maioria deles vêm de cinco países: Afeganistão, Somália, Iraque, Síria e Sudão. No Brasil, a Angola lidera em número de refugiados, seguida pela Colômbia e Congo.

Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil

Fonte Agência Brasil