domingo, 26 de maio de 2013

Miss Bahia nos noticiários

Depois da polêmica na Internet foi eleita miss Bahia, num estado onde é existe a maior concentração afro-brasileira deu o que falar na internet por supostamente ter um pequeno número de participantes negras entre as candidatas ao título. Segundo alguns dos protestos que vem sendo feito através de blogs, redes sociais e abaixo-assinados virtuais, o estado que possui 76,2% de população negra, deveria ter mais participantes da etnia.
‘Priscila Cidreira é eleita Miss Bahia 2013A beleza da jovem de Santa Cruz conquistou os jurados

Da Redação entretenimento@band.com.br

horário 9:00 hs

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Priscila Cidreira é a nova Miss BahiaReprodução

O hotel Sheraton da Bahia foi palco da grande festa de beleza e glamour que elegeu a representante do estado ao Miss Brasil 2013. Na noite deste sábado (25), a candidata do município de Santa Cruz, Priscila Cidreira, de 22 anos, desbancou outras 29 participantes e ficou com o título de Miss Bahia 2013. 

Bruna Diniz, a Miss Bahia 2012, fez o seu último desfile com a coroa e foi quem teve a missão de passar a faixa a Priscila.

Cinco estados já escolheram suas representantes para o concurso nacional. O Rio Grande do Sul elegeu a bela Vitória Centenaro, do munícipio de Passo Fundo. No Amazonas, a escolhida foi Tereza Azedo, de Parintins e, no Sergipe, quem ficou com a coroa foi a jovem Lisianny Bispo, de Itabaiana. Sileimã Pinheiro, de Aruanã, é a representante de Goiás, e de Castanhal, a bela Anne Carolline Vieira, se prepara para levar a cultura do Pará na disputa pelo Miss Brasil.

O Miss Brasil será realizado no dia 28 de setembro, em Minas Gerais, com transmissão ao vivo da Band para todo o país.

fonte Band Notícias

quinta-feira, 23 de maio de 2013

40 acres e uma mula

40 acres e uma mula se refere à política de curta duração, durante os últimos estágios da guerra civil americana, durante 1865, de prestação de terra arável para negros libertos (ex-escravos), libertos como resultado do avanço dos exércitos da União no território anteriormente controlada pela Confederação , particularmente o general William Sherman.

40 acres de terra uma mula

40 hectares de terra e uma mula, de Robert N. Dennis coleção de visão estereoscópica.

As ordens especiais do general Sherman, emitidas em 16 de janeiro de 1865, previa a terra, enquanto alguns de seus beneficiários também receberam mulas do Exército, para uso na lavoura. Tais parcelas foram popularmente conhecidos como " Blackacres " acres negros

William Sherman fita luto

Sherman em maio de 1865. A fita preta de luto no braço esquerdo é para o presidente Lincoln . Retrato por Mathew Brady .

As ordens de campo especiais emitidos por Sherman nunca tiveram a intenção de representar uma política oficial do governo dos Estados Unidos no que diz respeito a todos os ex-escravos e foram emitidos "ao longo da campanha para garantir a harmonia de ação na área de operações". As ordens de Sherman especificamente atribuídos no Sul "as ilhas de Charleston , os campos de arroz abandonados ao longo dos rios de 30 milhas de distância do mar, e do país na fronteira com o rio St. Johns , Flórida . Rufus Saxton , um abolicionista de Massachusetts, foi nomeado por Sherman para supervisionar o assentamento dos escravos libertos. Em junho de 1865, cerca de 10.000 escravos libertos foram assentados em 400 mil hectares (160 mil ha) na Geórgia e Carolina do Sul .

Após o assassinato do presidente Abraham Lincoln , seu sucessor, Andrew Johnson , revogou as Ordens de Sherman e retornou a terra a seus proprietários brancos anteriores. Devido a isso, a frase "40 acres e uma mula" tem vindo a representar o fracasso de políticas de reconstrução na restauração para os afro-americanos dos frutos do seu trabalho.

Fonte Wikipédia

tradução Hugo Ferreira

terça-feira, 21 de maio de 2013

Stevie Wonder em 1964

Stevie Wonder foi descoberto aos 11 anos em 1961, esteve no Brasil em 2011 comemorando os seus 50 anos de carreira artística e foi o destaque do Rock in Rio na época.

Aos 13 anos, Wonder alcançou grande sucesso com "Fingertips (Pt. 2)", um single de 1963 gravada ao vivo durante apresentação da turnê Motor Town Revue, lançada no álbum Recorded Live: The 12 Year Old Genius. .A canção que apresentava Wonder nos vocais, bongôs e gaita e um jovem Marvin Gaye na bateria, atingiu número 1 na parada Pop & R&B e fez com que Stevie atingisse o grande público.

 Vídeo de 1964 Fingertips

Stevland Hardaway Morris (nascido em 13 maio1950 como Stevland Hardaway Judkins ), conhecido pelo seu nome artístico de Stevie Wonder , é uma cantor, compositor, multi-instrumentista, e foi uma criança prodígio que desenvolveu em um dos mais criativos figuras musicais do final do século 20. Cego desde logo após o nascimento, Wonder assinou com a Motown rótulo Tamla 's com a idade de onze anos e continua a tocar e gravar para a Motown até hoje.

Motown é uma gravadora americana fundada porBerry Gordy Jr., em 1959, em Detroit , Michigan , Estados Unidos. O nome, uma mistura de automóvel e cidade , é também um apelido da cidade de Detroit. Motown desempenhou um papel importante na integração racial da música popular através da realização de grandes sucessos.

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Wonder está envolvido em assuntos políticos. Ele é um ativista de direitos civis e apoiou o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama durante sua campanha à presidência.

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Stevie Wonder em 2006 na Bahia Conferência Internacional de Intelectuais da África e da Diáspora, um evento promovido pelo Brasil em parceria com a União Africana.

13 de maio questionamento

 

13 de maio é questionado por pesquisadores e militantes

“Redação Correio Nagô* - Em uma sala de aula, durante a aula de História do Brasil, a professora explica aos seus alunos a Lei Áurea, sancionada em 13 de maio de 1888. Diante de olhares atenciosos, ainda em formação, o destaque, como de costume, fica por conta da Princesa Isabel que, ao assinar a lei teria extinguido a escravidão do país.

A cena genérica descrita acima não está distante da realidade e acontece em diversas escolas do Brasil. Para a doutora em História Social da Cultura pela Universidade Estadual de Campinas (2004) e professora da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Wlamyra Albuquerque, a forma como o 13 de maio é contado e lembrado por diversas instâncias da sociedade, com foco na ação do Estado e na assinatura da Princesa Isabel, é uma “estratégia política”, para ocultar a ação dos negros.

“A abolição foi uma conquista da população negra. Há uma disputa política em torno da autoria, para definir quais os protagonistas. Assim, enfatizaram mais a Princesa Isabel e a assinatura da lei”, destaca a historiadora, em entrevista ao Portal Correio Nagô.

Wlamyra R. de Albuquerque Professora Wlamira Alburqueque

De acordo com Wlamyra, a estratégia serviu (e ainda serve) para apagar da memória algo já vinha acontecendo antes da assinatura da lei, quando grande parte dos negros já tinha conseguido a alforria. “Mas o que predominou na imprensa e na história oficial foi a versão da Princesa Isabel”, complementa.

Para ela, o momento político atual é resultado das conquistas obtidas há 125 anos. “A abolição não foi uma dádiva. A gente não recebeu a carta de alforria. Foi um esforço para garantir a liberdade. Precisamos nos apropriar do nosso protagonismo e das conquistas”, diz.

A historiadora acredita que é preciso mudar o lugar do discurso e ver a participação dos negros que, segundo ela, mesmo sem a existência de políticas de inclusão no pós-escravidão, mantiveram a luta e correram atrás dos seus direitos.

“(Após a abolição) Não houve nenhuma discussão sobre cidadania, inclusão. O Estado brasileiro fez muito pouco para isso, mas não quer dizer que os negros nada fizeram. Tivemos o papel e importância da imprensa negra, de grupos sociais diversos que já lutavam por direitos e do candomblé. Todos eles denunciavam essa situação e lutaram pelos seus direitos”, ressalta.

Apesar de muitos representantes do Movimento Negro classificarem a data como a “falsa abolição” e não celebrarem a ocasião, a historiadora diz que prefere não usar o termo. “É uma data que não deve ser esquecida e lembrada como a população negra conseguiu colocar na falência uma instituição que perdurou por séculos”, finaliza.

Já para a socióloga e presidente do Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra da Bahia (CNDC), Vilma Reis, a data não deve ser celebrada por uma decisão política. “Não temos nada para celebrar. Saímos com uma mão na frente e outra atrás. Há um processo inconcluso da abolição. Ela não ocorreu porque não garantiu direitos”, defende a socióloga.

Para a presidente do CNDC, os reflexos deste período histórico ainda podem ser percebidos. “Porque a população negra está morando na beira de esgoto, em lugares sem saneamento básico ou com os piores índices?”, questiona.

escravidao

Como exemplo das lutas atuais enfrentadas pela comunidade negra, ela cita o caso da comunidade quilombola Rio dos Macacos que disputa um território com a Marinha. A área do Quilombo Rio dos Macacos tornou-se palco de uma disputa judicial e territorial a partir da década de 60, com a doação “formal” das terras pela Prefeitura de Salvador à Marinha do Brasil. Atualmente, o território é alvo de uma ação reivindicatória proposta pela Procuradoria da União, na Bahia, que pediu a desocupação do local para atender as “necessidades futuras da Marinha” que pretende ampliar as instalações da base, onde residem 450 famílias de militares.

O Quilombo Rio dos Macacos, localizado no bairro de São Tomé de Paripe, no limite da cidade de Simões Filho e Salvador, é formado por 70 famílias que vivem tradicionalmente no local há mais de 200 anos. “Este processo não está na mesa política de prioridades porque assim como de várias outras comunidades porque não há representação negra na política que garanta isso”, diz.

Vilma admite, no entanto, alguns avanços e conquistas, como a criação de cotas raciais. “Esse processo reparatório é muito recente, mas a demanda é muito grande. Boa parte ainda permanece excluída”, destaca.”

*Por Anderson Sotero

Fonte: Instituto Mídia Étnica

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Os escravos nos tribunais ações de liberdade “Liberata”

“Liberata: a lei da ambiguidade. As ações de liberdade da corte de Apelação do Rio de Janeiro no século XIX", da autora Keila Grinberg.
Fruto de uma pesquisa de iniciação científica orientada por Hebe Maria Mattos de Castro e patrocinada pela CNPq, este trabalho foi apresentado pela autora como monografia do curso de graduação em História realizado no período de 1989 a 1993 na Universidade Federal Fluminense e depois, tornou-se um livro.


Lberata

Confira o livro "Liberata: a lei da ambiguidade", de autoria da historiadora Keila Grinberg, que analisa as relações do mundo supostamente privado da escravidão, o mundo público das leis, do direito e do Judiciário.
Link para download:
https://docs.google.com/file/d/0B3XT11SH5PSKMTk5ZDA0YTctNjcyNy00NWJhLTkxMWItMTc3MjFmYjQ3YTkw/edit?usp=sharing&pli=1

A historiadora Keila Grinberg.
Com profundo interesse em vasculhar os documentos históricos do Arquivo Nacional para entender os processos criminais no século XIX no Brasil, Keila se deparou com várias ações de liberdade, fato esse que já tinha ouvido falar, mas não tinha encontrado nenhum caso até então.
A autora se mostrou bastante surpresa ao constatar que 58% dos processos referentes a escravos na Corte de Apelação do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro eram de ações de liberdade. E mais surpresa ainda ficou ao descobrir que o Tribunal da Relação do Rio de Janeiro libertou mais escravos do que os juízes   de primeira instância o fizeram.
Diante desses fatos, a autora sentiu interesse em pesquisar mais sobre essas ações de liberdade.
A partir daí, surgiram muitos questionamentos a respeito do tema.
Quais eram os argumentos que os escravos usavam para impetrar ações de liberdade? Como eles tinham acesso a isso?
Diante destas e outras perguntas, a autora se aprofunda na pesquisa e se interessa por, entre outros casos, Liberata.
Conta os arquivos que Liberata foi uma escrava vendida aos dez anos por seu senhor a José Vieira Rebello. Recebia todas as formas de maus tratos para uma negra escrava   na época. Mas, baseada na promessa de liberdade por seu senhor, Liberata recorre a justiça   e impetra uma ação de liberdade.
Para a autora, Liberata representa toda uma classe escravizada que busca nas autoridades jurídicas o direito a liberdade.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Tráfico internacional de pessoas desarticulado por Polícia Federal

Estrangeiros em regime de escravidão libertados pela Polícia Federal em Brasília. Imigrantes ilegais eram iludidos para trabalhar numa empresa que prestava serviço à umas das empreiteira do projeto de habitação do Governo.

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A Polícia Federal está realizando buscas nas residências dos investigados, e nos alojamentos onde estão os estrangeiros. Participam da operação 60 policiais federais para o cumprimento de 14 mandados judiciais expedidos pela Justiça Federal de Brasília.

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira (15/05) a operação Liberdade em Brasília, para desarticular uma quadrilha de tráfico internacional que trazia pessoas de Bangladesh para trabalhar  em situação análoga à escravidão no Distrito Federal. Segundo as investigações, trabalhadores de Bangladesh eram recrutados por uma empresa que prestava serviços para uma das empreiteiras do projeto de habitação do governo.

De acordo com a polícia, a quadrilha era composta por estrangeiros de Bangladesh que aliciavam conterrâneos com falsas promessas de salários que variavam entre US$ 1 mil e US$ 1,5 mil para trabalho na construção civil. Os traficantes de pessoas cobravam até US$ 10 mil pela imigração ilegal, diz a PF.

As vítimas ingressavam no Brasil ilegalmente, pela Guiana Inglesa, Peru e Bolívia. A situação migratória das pessoas traficadas era regularizada por meio do pedido de refúgio.

Fonte Paraiba http://www.paraiba.com.br/

terça-feira, 14 de maio de 2013

Feira Internacional de Tecnologias Ambientais Angola

Apresentada terceira edição da Feira Internacional de Tecnologias Ambientais

O secretário de Estado do Ambiente para as Novas Tecnologias e Qualidade Ambiental, Syanga Abílio, apresentou, recentemente, o projeto da terceira edição da Feira Ambiente Angola, que decorre entre 31 de Maio e 2 de Junho, em Luanda.

Secretário de Estado Syanga Abílio

Angola Mapa Cidades

Luanda – Angola - 31 de Maio e 2 de Junho

A feira internacional dedicada às tecnologias ambientais visa promover e divulgar o Plano Estratégico das Tecnologias Ambientais de Angola.

De acordo com Syanga Abílio, citado pela agência Angop, o certame pretende consciencializar a população sobre questões energéticas, incluindo os serviços modernos de energia para todos, o acesso à disponibilidade e eficiência energética e expandir o acesso à energia limpa a preços acessíveis, como suporte da realização dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio e do Desenvolvimento Sustentável.

A terceira edição da Feira decorre sob o lema “Promoção das Tecnologias Ambientais na Gestão de Resíduos” e deverá contar com a participação de cerca de 90 empresas, das quais 70 nacionais e 20 estrangeiras de Portugal, China, Brasil, África do Sul, Nigéria, Espanha, França e Alemanha.

A Feira Ambiente Angola é uma organização do Ministério do Ambiente e da Feira Internacional de Luanda.

Na sessão de apresentação do certame, o secretário de Estado esclareceu que o Plano Estratégico Ambiental de Angola é um documento aprovado pelo Conselho de Ministros, onde o País define os seus objetivos, no quadro dos compromissos nacionais e internacionais assinados, para preservar, conservar e proteger o Ambiente.

3 de Maio de 2013

fonte VerAngola

Amilcar Cabral quarenta anos depois de sua morte

"Amílcar Cabral foi em meu entender o mais inteligente, o mais criativo e o mais brilhante de todos os dirigentes da luta de libertação dos povos africanos colonizados naquela altura pelo regime português"  Manuel Alegre

Quarenta anos após a morte de Amílcar Cabral o que resta do seu sonho africano?

Depois da morte física do poeta e “Chefi di Guerra” que cunhou a história da Guiné e Cabo Verde lutando contra o colonialismo português, o cabralismo sofreu muitas mortes. Ficou alguma coisa do seu sonho?

"Amílcar Cabral foi em meu entender o mais inteligente, o mais criativo e o mais brilhante de todos os dirigentes da luta de libertação dos povos africanos colonizados naquela altura pelo regime português", afirma Manuel Alegre. O poeta, político português Manuel Alegre recorda-se de um dia em Argel, onde o português estava exilado, Amílcar Cabral ter puxado os óculos para a testa, como era seu hábito, e com os olhos rasos de lágrimas ter dito: “Quando for assassinado, sê-lo-ei por um homem do meu povo, do meu partido, provavelmente fundador, ainda que guiado pelo inimigo”. Cabral pressentia o perigo e presságio confirmou-se. Foi assassinado, aos 48 anos, por três homens armados do PAIGC, o seu partido, pertoda sua casa em Conacri.

Até hoje as circunstâncias da morte estão por esclarecer. Inocêncio Kani, companheiro de luta de Cabral deu o primeiro tiro, outro, ainda não identificado, deu-lhe os tiros de misericórdia. Também não há uma verdade quanto à autoria moral do crime: um plano da PIDE, a polícia política portuguesa? Divergência no seio do partido? Conflito de interesses na Guiné-Conacri? Morrer é uma das condições da guerra de qualquer combatente. Amílcar Cabral era um alvo privilegiado, pela sua acção, mas sobretudo pelo seu pensamento.

No seu livro de memórias, “A Ponta da Navalha”, o jornalista francês Gérard Chaliand, que acompanhou e divulgou a Luta de Libertação na Guiné-Bissau, conta que quando disseram a Nelson Mandela “tu és o maior”, Mandela replicou com toda a simplicidade, “não o maior é Cabral”. Manuel Alegre salienta que Cabral foi asssassinado, “porque não tinha consigo nenhuma arma, ele que era o principal teórico da luta armada africana de libertação”. Foi a primeira morte de Cabral.

Retrato de Amílcar Cabral na sede do PAIGC em Bissau

"Aprendi que não era português"

À uma hora do dia 12 de Setembro de 1924 nascia em Bafatá, na então Guiné Portuguesa, Amílcar Lopes Cabral. Filho de um professor primário cabo-verdiano e de mãe guineense. Aos 8 anos de idade muda-se com a família para a ilha de Santiago, Cabo Verde. Frequentou o liceu Gil Eanes, em S. Vicente, onde completa, em 1944, os seus estudos secundários. Recordando os seus tempos de escola Cabral dirá: “Gosto muito de Portugal, do povo português. Houve um tempo na minha vida em que eu estive convencido que era português. Mas depois aprendi que não, porque o meu povo, a história de África, até a cor da minha pele…Aprendi que já não era português”.

Amílcar tem 15 anos quando se inicia a Segunda Guerra Mundial que terá impactos dramáticos em Cabo Verde. Nos anos quarenta Cabo Verde era uma colónia varrida pela fome e pela morte. A fome, que vitimou dezenas de milhar de pessoas, inspirou Cabral a escrever o seu primeiro conto, “Fidemar”. Neste conto revelava o desejo de partir e voltar para libertar o seu pais. A história acabava de forma trágica com o salvador da pátria a morrer afogado numa batalha naval.

Não apenas a escrita e as preocupações sociais ocupavam o jovem Cabral. Amante de Futebol, em S. Vicente, Amílcar foi secretário do “Boavista Futebol Clube” entre 1944-45. Manuel Alegre recorda: “Ele era um homem com um grande sentido de humor, ele dizia que o seu desejo maior era ter sido ponta esquerda do Benfica ou chefe de uma orquestra do morro, mas que as circunstâncias o tinham transformado enfim no dirigente da luta armada”.

continua…

Helena Ferro de Gouveia

Edição António Rocha

fonte: Deutsche Welle

Presidente de Moçambique na China

O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, começou na segunda-feira (13.05) uma visita de três dias à China. Guebuza vai encontrar-se com investidores e com o novo Presidente chinês, Xi Jinping.

PRESIDENTE DE MOÇAMBIQUE ESTÁ NA CHINA EM VIAGEM DE NEGÓCIOS

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Esta é a primeira vez que Armando Guebuza visita a China desde que o novo Presidente chinês, Xi Jinping, foi eleito a 14 de março.

Os dois líderes mantiveram o seu primeiro encontro ainda no mês de março em Durban, na África do Sul, à margem da reunião do grupo BRICS que integra o Brasil, a Rússia, a Índia, a China e a África do Sul. Na altura, os dois estadistas reiteraram o desejo de ver reforçada a cooperação bilateral, tendo Jinping anunciado ainda a disposição da China em continuar a apoiar Moçambique.

O analista político Gustavo Mavie diz que este novo encontro vai ser uma oportunidade para Guebuza e Jinping se conhecerem. "A agenda não vai ser só de natureza política. Esta visita poderá provavelmente cimentar um relacionamento muito mais estreito" entre os dois chefes de Estado.

Um pouco de Moçambique

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Localização da REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE (25/06/1975)
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Colônia de Portugal

Brasão de Moçambiquw

Brasão de Armas: Mostra diversos elementos: o livro aberto branco faz lembrar a educação por um país melhor; a arma AK-47 simboliza a luta armada e a defesa do país; a enxada simboliza a agricultura e o campesinato; o sol nascente simboliza a nova vida em construção; a roda dentada simboliza a indústria e o operariado; as plantas (cana-de-açúcar e milho) simbolizam a riqueza agrícola; e a estrela representa a solidariedade entre os povos.

Interesse chinês

Durante a deslocação à China, Guebuza visitará empreendimentos económicos e deverá encontrar-se com empresários com investimentos e interesses em Moçambique.

A China figura nos últimos anos entre os dez maiores investidores estrangeiros em Moçambique, um país cujos recursos naturais têm despertado o interesse das grandes potências internacionais.

O comércio com a China aumentou nos últimos anos de 285 milhões de dólares em 2007 para 690 milhões em 2012, de acordo com dados divulgados pelo jornal económico Financial Times. Os investimentos de empresas chinesas têm também vindo a multiplicar-se em áreas como os recursos naturais, a agricultura e a construção de infraestruturas. na China em viagem de negócios

Investimentos palpáveis

O investimento chinês em Moçambique é "muito forte" e "visível", comenta Gustavo Mavie. Segundo o analista, a China "é um dos poucos países, senão o único" que vai além do apoio monetário: "além do dinheiro que dá, a China ainda se envolve na construção de infraestruturas. Em Maputo e noutras partes de Moçambique é possível ver obras chinesas, um pouco à semelhança do que acontece em muitos países africanos e um pouco por todo o mundo. A China tornou-se, neste momento num dos maiores motores económicos do planeta."

Consolidar as relações de cooperação, de amizade e solidariedade são os objetivos desta visita de Armando Guebuza à República Popular da China, de acordo com a Presidência moçambicana.

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Selo comemorativo de Moçambique “30º Aniversário das Relações Diplomáticas entre Moçambique e China (1975-2005)”

fontes: Deutsche Welle; Girafamania; Wikipedia

segunda-feira, 13 de maio de 2013

EUA e China concorrência na África

O recém-eleito EUA Secretário de Estado John Kerry afirmou em numa audiência, que um de seus objetivos é o de competir economicamente com a China na África.

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O recém-eleito EUA Secretário de Estado John Kerry afirmou em numa audiência, que um de seus objetivos é o de competir economicamente com a China na África. Elizabeth Economy,  Diretor de Estudos da Ásia  no Conselho de Relações Exteriores acredita que este objetivo será difícil dada a enorme quantidade de recursos de comércio e investimento que a China se dedica atualmente a África. O envolvimento da China com a África tem crescido desde 2001, a China entrou no ano Organização Mundial do Comércio, e o país foi recentemente superou todas as outras para se tornar o maior parceiro comercial da África .

De acordo com o Escritório de Relatório Accountability na China e o envolvimento econômico dos EUA na África Subsaariana Governo dos EUA, "Algumas autoridades dos EUA e de outras partes interessadas ... questionaram se as atividades da China afetar os interesses dos EUA na região." Os EUA e China trazem diferentes abordagens e agendas para seu engajamento econômico com a África Sub-Sahariana (SSA) e isso pode ser visto em uma série de maneiras.

O relatório do GAO continua: 

"Metas dos EUA incluíram o fortalecimento das instituições democráticas, apoiando os direitos humanos, usando a ajuda ao desenvolvimento para melhorar a saúde e educação, e ajudar os países da África Subsaariana construir comércio global. O governo chinês, por outro lado, declara o objetivo de estreitar os laços com os países africanos, buscando o benefício mútuo para a China e Africano das Nações e seguindo uma política de não interferência nos assuntos internos dos países ".

O relatório também afirma que os EUA e a China, ambos tiveram grandes aumentos comerciais com SSA, na última década, os dois países estão recebendo, principalmente, as importações de petróleo do SSA, mas a China também importa uma grande quantidade de outros recursos naturais, com as exportações da China para a África ultrapassando os de os EUA Ele observa que a China não divulga muita informação sobre a ajuda externa ou empréstimos patrocinados pelo governo na região. Ele, no entanto, conclui que os EUA concentram-se em desenvolvimento e assistência humanitária à SSA, em 2010 mais de um quarto de sua ajuda econômica externa foi canalizado para a região.

Os EUA podem ter uma abordagem mais diversificada em relação à África em termos de seus objetivos declarados e influenciar nas esferas econômicas, política e social. Dito isto, se o registro de comércio é qualquer indicação, então a influência da China (no mínimo no domínio econômico) é muito além do que os EUA no momento presente.

Vai ser interessante ver o que a estratégia Kerry e o governo Obama buscando competir economicamente com a China na África. Em qualquer caso, a situação é um caso de dois governos grandes, poderosos e influentes buscam crescimento através da cooperação com os governos menores, mais frágeis. Neste sentido, este tipo de dinâmica não é uma grande partida a partir do registro histórico das potências estrangeiras na África. Como um estudante de Estudos Chineses estou animado para visitar Kampala, Uganda neste verão onde pretendo estudar as relações sino-africanas e Sino-Uganda em um esforço para aprimorar o meu entendimento destas questões complexas mais profundamente em campo.  

4/3/2013

Jeneil Bamberg estagiário no New York Center do Instituto EastWest.

Fonte Nextgen

África emergente

“Eu vi a África além dos preconceitos”

A África continua a ser apresentada como o continente da violência e da miséria. A realidade é que ambas as avaliações são corretas, mas enganadoras.

Um economista brasileiro relata reunião em que continente articulou ampliação das mudanças que vive – ainda que Ocidente não enxergue… Por Ladislau Dowbor

Luanda Angola

 

130512-Luanda

Garota em Luanda, capital de Angola. Sinal de mudanças: desde 2006, país atrai dezenas de milhares de portugueses, que fogem da crise europeia e buscam  trabalho

A África continua a ser apresentada como o continente da violência e da miséria. A realidade é que ambas as avaliações são corretas, mas enganadoras. Primeiro, porque francamente não é um privilégio africano, as tensões estão se avolumando por toda a parte, e a miséria acumulada em outros continentes é imensa, sem falar da nova miséria nos Estados Unidos e na Europa. Segundo, porque ao lado da pesada herança, há um movimento pujante de transformações. Há inclusive, movimento recente, estudos científicos sobre por quê o jornalismo a respeito do continente insiste sempre na visão simplificada de pobreza e desgoverno, como se o prisma impossibilitasse uma compreensão das mudanças.

A revista Economist (2/3/2013) lançou um relatório especial interessante, Emerging Africa, referindo-se não mais a um continente desesperado, mas esperançoso (A Hopeful Continent). A economia está crescendo a um ritmo de quase 6% ao ano, os investimentos diretos externos subiram de 15 bilhões de dólares em 2002 para 46 bilhões em 2012. O comércio com a China saltou de 11 bilhões para 166 bilhões de dólares em uma década. Com a crise financeira mundial, muitos capitais estão fugindo da especulação ou do baixíssimo rendimento dos títulos públicos, e buscando novas oportunidades. Um continente que cresce rapidamente e pode rentabilizar investimentos atrai mais do que o marasmo dos países ricos.

Em termos institucionais, praticamente todos os países da região estão dotados de mecanismos democráticos, frágeis como em toda parte, mas progredindo. A base de impostos é ainda muito pequena, mas aumentando, o que permite a expansão de serviços públicos. A corrupção nos grandes contratos continua forte, mas estamos aprendendo a ver as coisas melhor, com os dados de James Henry, amplamente divulgados peloEconomist (16/2/2013). No mundo, são 20 trilhões de dólares em paraísos fiscais – dinheiro de drogas, evasão fiscal, tráfego de armas, corrupção – cerca de um terço do PIB mundial. As três principais praças de dinheiro ilegal são Delaware e Miami, nos Estados Unidos, e Londres. Os 28 principais bancos mundiais, os “sistemicamente significativos”, estão respondendo a processos por fraude, lavagem de dinheiro e outros crimes, e são basicamente europeus e norte-americanos. Barclays, HSBC, UBS, Goldman & Sachs… O Brasil, aliás, contribui com 520 bilhões de dólares em dinheiro ilegal no exterior, 25% do PIB brasileiro, coisa que deveria deixar o STF sonhando um pouco mais alto. Não é privilégio da África, e obviamente os montantes não se comparam.

Confirma as novas esperanças a reunião anual conjunta da Comissão Econômica da África e da União Africana, em Abidjan, capital da Costa do Marfim, nos dias 26 e 27 de março de 2013. Presentes 54 países africanos, 40 ministros de economia, 15 presidentes de bancos centrais. Só africanos. Uma reunião sem palestras, apenas intervenções curtas de tomada de posição. Na pauta, uma visão geral que podemos chamar de África para os africanos, Africa First, uma tomada de consciência do valor que representam os seus recursos naturais, que vão do petróleo até as suas imensas reservas em solo e água, e da necessidade de repensar o conjunto dos relacionamentos para dentro e para fora do continente.

A ordem não é mais o “ajuste estrutural”, como foi ditado pelo FMI e países dominantes, e sim a “transformação estrutural.” Numa era de sede planetária por recursos naturais, a África se vê com muita capacidade financeira. Inicialmente utilizados para um consumo de luxo por elites, gradualmente estão sendo deslocados para lançar os fundamentos de uma nova capacidade econômica. Infraestruturas, banda larga generalizada, educação, e produção local. Em particular, está sendo discutida uma industrialização centrada no aproveitamento dos próprios recursos naturais que geraram estas capacidades financeiras. Ligar a agro-exportação ou a extração mineral a exigências de investimentos locais a jusante e a montante, dinamizando fornecedores locais e agregando valor aos produtos transformados.

Criou-se uma articulação entre três instituições de primeira importância, a Comissão Econômica para a África (UNECA), a União Africana (UA) e o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD). Junta-se assim a capacidade de informação e análise, a base política e a capacidade financeira. Ou seja, criou-se, incorporando iniciativas anteriores como a NEPAD, um instrumento de orientação pan-africana das iniciativas de cada país. Isto é vital para um continente onde as infraestruturas e circuitos comerciais nasceram fragmentados e centrífugos, cada país dispondo por exemplo de uma ferrovia ligando a região de exploração de recursos com o porto de exportação, mas com quase nenhuma articulação interna. Isto é familiar para o Brasil, onde praticamente todas as capitais são portuárias, e onde nos falta ainda uma ligação decente transcontinental, no momento em que a bacia econômica do mundo está se deslocando para o Pacífico. Aliás a América Latina também pode ser vista, neste sentido, como um subcontinente oco, com um miolo relativamente vazio.

Foram aprovados nove eixos que deverão orientar o desenvolvimento econômico e social nesta década: apoio técnico à política macro-econômica; integração regional das infraestruturas e trocas comerciais; tecnologias para a apropriação dos recursos naturais africanos de maneira sustentável (African Mining Vision entre outros); aprimoramento e gestão em rede dos sistemas estatísticos para monitorar a formulação de políticas; desenvolvimento das capacidades institucionais; desenvolvimento de subprogramas de promoção e inclusão da mulher nas atividades econômicas e sociais; organização de subprogramas integrados para as cinco regiões que compõem o continente (Central, Norte, Sul, Leste, Oeste); investimento na capacidade de planejamento e administração nos países membros; políticas de desenvolvimento social, com particular atenção para as políticas de emprego e voltadas à juventude.

As propostas culminaram na aprovação oficial na reunião de Abidjan, mas haviam sido amplamente negociadas com todos os países da região. Segundo o documento aprovado, “o consenso nas visões que emergem é que tornou-se imperativo para a África usar o crescimento atual como plataforma para uma ampla transformação estrutural. Para fazê-lo, deverá empoderar-se para contar a sua própria história, e a sua política de desenvolvimento deverá colocar Africa First. Isto também significa uma contínua e estreita colaboração entre as três instituições pan-africanas, ADB, AU e ECA, para assegurar coerência e sinergia na implementação do programa.”

Interessante notar que havia na reunião apenas alguns convidados não africanos, dos quais dois brasileiros: Glauco Arbix, presidente da FINEP, particularmente interessante para as políticas de inovação que os africanos querem dinamizar, e eu que escrevo estas linhas, como convidado especial, pelo interesse dos ministros em ouvirem como o Brasil articula políticas econômicas e sociais. Francamente, como trabalhei sete anos em diversos países da África, tentando ampliar capacidades estatísticas e de planejamento, já tinha visto muitas reuniões “decisivas” e pouco transformadoras. Na minha compreensão e conhecimento, aqui realmente estamos assistindo a algo novo. Sobretudo porque, além de discursos e compromissos, geraram-se instituições de gestão das resoluções, não criando novas burocracias, mas articulando as três instituições que no contexto africano demonstraram a sua capacidade.

Presa na herança estrutural terrível do passado, peão de interesses mundiais contraditórios na guerra fria, manobrada e fragmentada por interesses neocoloniais, apropriada e corrompida por corporações transnacionais, a África não tem caminho fácil nem rápido pela frente. Mas a nova consciência do seu peso, da sua importância e dos seus direitos, no momento em que as economias dominantes estão enredadas com as suas próprias desgraças, abre sim muita esperança. É a ideia de uma África emergente.

12/05/2013

* Ladislau Dowbor é economista e professor titular no Departamento de Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Fonte: Outras Palavras