segunda-feira, 27 de junho de 2016

O país do SampAdeus em números

 

Num artigo de 2010 (a ideia separatista é velha) uma avaliação do que seria esse novo país em números, com as vantagens e desvantagens. A ideia surgida em 2014 após a derrota do candidato do PSDB, ressurge  em 2016 com a saída do Reino Unido da Comunidade Europeia, e o aumento do xenofobismo contra imigrantes.

Casamento

O Movimento São Paulo Livre, “No dia 2 de Outubro, o SPL vai organizar um grande Plebiscito Consultivo ('Sampadeus')”.
“CONSULTA SEM VALOR LEGAL, E NÃO OBRIGATÓRIA” que montaria barracas nas calçadas. Para confundir melhor no dia das eleições municipais, perto das votação das urnas municipais. Quando os movimentos de paneleiros que agitavam a Paulista silenciam, vendo a ameaça de prisão de seu ídolo, muito estranho o surgimento de um novo movimento para arregimentar e mobilizar. Fica a pergunta quem financia e a quem serve esses movimentos?

 

Locomotiva Fepasa

“País São Paulo” locomotiva sem vagões

“A República de São Paulo

Nasceria como um país até grandinho em termos globais, com 40 milhões de habitantes (32º do mundo) e território de 248 mil quilômetros quadrados, pouco mais que o Reino Unido. A economia também seria respeitável: a 2ª economia mais forte da América do Sul, com PIB de US$ 550 bilhões - 60% maior que o da Argentina. Por essas, aliás, alguns paulistas gostam de dizer que seu estado é "a locomotiva do Brasil". E os mais radicais batem no peito dizendo que sustentam o resto do país. Mas não. Vamos por partes: São Paulo é, de fato, o estado que mais contribui em impostos para a União. Em 2008, por exemplo, pagou R$ 207 bilhões e recebeu só R$ 9 bilhões do governo federal para gastar. Uma diferença de R$ 197 bilhões. Mas isso não significa sustentar o país. Estados com PIBs bem mais magros também arcaram com déficits gordos: o Rio pagou R$ 104 bilhões a mais do que ganhou da União. O Distrito Federal, R$ 37 bilhões. Amazonas e Bahia, cerca de R$ 5 bilhões cada um. Na real, só 11 dos 26 estados ficaram no lucro, e quem ganhou mais foi o Tocantins, que pagou R$ 0,4 bilhão de imposto e ficou com R$ 2,3 bilhões. Ou seja: o país tem mais locomotivas do que vagões. E São Paulo é só uma delas. Para ter uma ideia mais clara de como seria esse novo país, temos que pesar dois pontos. Primeiro: um estado paulista independente teria quase R$ 200 bilhões a mais por ano para gastar consigo mesmo. É dinheiro suficiente para elevar os padrões de educação, saneamento e saúde a um grau de primeiro mundo, se bem aplicado. Um belo ganho. Mas a perda pode ser maior. Fazer parte de um país significa ter acesso a todo o mercado da nação sem pagar impostos. Se você planta cana em São Paulo pode vender seu etanol para os postos de gasolina do Mato Grosso, mas não para os dos EUA, que cobram taxas pesadas sobre o álcool. Se o resto do Brasil levantar barreiras assim, São Paulo teria pouco acesso ao mercado de um país que, mesmo sem seu estado mais rico, seria a 14ª maior economia do mundo. Um péssimo negócio. Para os dois lados

Dois em um
Brasil e São Paulo formariam países respeitáveis mesmo separados. Mas as perdas para os dois iriam da economia ao futebol.


POLÔNIA TROPICAL
São Paulo representa quase 1/3 do PIB brasileiro, que é o 8º do mundo, com US$ 1,6 bilhão, entre a Itália e a Rússia. Sem SP, o Brasil cairia para o 14º lugar, entre México e Austrália. A república paulista, com seu PIB atual de US$ 550 bilhões, ficaria em 18º, logo abaixo da Turquia. No quesito renda per capita, ela ficaria em 50º. Seriam US$ 13 mil anuais por habitante (como na Polônia).

PRÉ-SALINHO
As jazidas mais promissoras do pré-sal estão no litoral fluminense. Mas 1/4 dele fica em águas paulistas. Não se sabe a quantidade exata de óleo nesse quinhão. Mas, com sorte, os paulistas conseguiriam tirar algo comparável à produção atual do Brasil, de 2 250 barris por dia, o que faria do país um pequeno exportador de petróleo.

CHURRASCO IMPORTADO
A capital paulista é a cidade com mais churrascarias no mundo: são 140. O apetite carnívoro da república paulista levaria para os açougues o equivalente a 3 milhões de bois por ano. Para manter os churrascos de fim de semana, São Paulo teria de importar pelo menos 1 milhão de cabeças de gado. E o Brasil, que já é o maior exportador do mundo, ganharia um novo cliente.

PAÍS DA VITAMINA C
São Paulo é responsável por metade dos produtos industrializados do país. O novo país exportaria para o Brasil derivados de cana e frutas. A república paulista, por sinal, seria o maior produtor mundial de laranja, uma espécie de reserva global de vitamina C, que hoje exporta US$ 60 bilhões anuais de suco para o resto do mundo.

MAIS DO MESMO
O IDH, índice que avalia educação, expectativa de vida e bem-estar social dos países, varia sempre entre zero (um lixo) e 1 (perfeito). O Brasil, 75º colocado no mundo, tem 0,81 (nível Colômbia). Sem São Paulo, cairia para 0,80 (nível Colômbia). E SP ficaria com a 65ª posição (nível Colômbia). Quer dizer: não nasceria como um país de primeiro mundo.”

Alexandre Versignassi e José Francisco Botelho

Fonte: Superinteressante

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